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O narrador da obra O Ateneu é um narrador adulto que , sendo personagem enquanto criança, passou dois anos de sua infância no internato. Aproximando-se da história pessoal de vida do seu autor, Raul Pompéia, podemos afirmar que essa obra possui traços de pessoalidade do autor e de identificação. Ao narrar os fatos passados enquanto adulto, o narrador é emotivo e através de sua memória, expressa percepções e análises sobre os personagens de sua ruim estadia no internato. Há um distanciamento de idade, onde os sentimentos do adulto muitas vezes se confundem com as inseguranças da criança, porém há valores e críticas à sociedade que são provenientes às percepções de um adulto. A descrição que acompanha o narrador é uma descrição permeada de críticas à sociedade, ao modelo de internatos existentes no século XIX.
O livro não possui um enredo preenchido por acontecimentos inusitados, intrigas, ações, romances como é de se esperar das obras que conhecemos. Pode-se até afirmar que ele não possui enredo. O que acontece no livro são análises acerca dos alunos e da escola, críticas e impressões que são detalhadas no livro com características até mesmo científicas, ou psicológicas. Sendo assim, apesar de ser enquadrada no movimento de Realismo – Naturalismo, o livro possui traços do expressionismo, impressionismo, simbolismo, dentre outros. Diferente das obras pertencentes ao Realismo, O Ateneu não possui uma objetividade e uma imparcialidade. Até mesmo porque sendo o narrador também personagem, isso não seria possível. Como uma característica do Naturalismo, também há no livro um instinto para a homossexualidade, em que Sérgio nas suas relações de amizades com seus amigos meninos, descreve-os com uma relação íntima e uma intenção amorosa.
O livro possui como subtítulo a irônica frase “Crônicas de saudades”. Além do livro não ser composto por crônicas, o narrador demonstra ter recordações ruins, de raiva e vingança, bem longe do sentimento de saudade. Através dos