CALCULO
Nísio Teixeira e Mariana Mól
Introdução
Gênero jornalístico cuja origem remonta a períodos antes do Iluminismo, o jornalismo cultural atual vive uma série de dilemas. Desafios que, como se já não bastassem aqueles existentes ao exercício diário dos cadernos impressos, tornam-se ainda maiores com o surgimento da internet: uma plataforma que contém, a um só tempo, a capacidade de pesquisa e publicação e, ainda, traz a possibilidade da convergência de mídias diversas, como o texto, o áudio e o vídeo. Caracterizar os dilemas do jornalismo cultural, em especial aqueles reservados para o seu desafio on line nos hipertextos da internet é um dos objetivos deste artigo. Diante desse quadro, procuramos em seguida observar o desempenho de dois cadernos culturais diários diante da potencialidade oferecida pela internet. Essa análise comparada tomou como objetos de trabalho as versões impressa e on line do caderno canadense Arts & Life, do jornal The Gazette – Montreal, da província de Quebec e o brasileiro Cultura, do jornal Hoje em Dia, do estado de Minas Gerais. A análise foi realizada durante um período de dez dias, entre 13 a 22 de outubro de 2003.
Apesar de algumas diferenças mínimas e da distância geográfica ou mesmo econômica que separam as publicações, observa-se uma constante no que diz respeito ao jornalismo cultural praticado em ambos, bem como do uso extremamente restrito das potencialidades do ambiente on line oferecido pela internet.
Cabe ressaltar ainda que o presente artigo é mais um desdobramento do grupo de pesquisa Jornalismo Cultural on line, desenvolvido entre os anos de 2000 e 2003 pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH).
Jornalismo Cultural
Segundo Daniel Piza (2003), as bases do jornalismo cultural foram estabelecidas em 1711, ano em que foi lançada, na Inglaterra, a revista The Spectator, dirigida pelos ensaístas Richard Steele (1672-1719) e Joseph