Caio prado jr
Caio Prado Júnior.
O autor inicia o texto explicando o termo por ele cunhado. A história de um povo não se faz compreensível pelas muitas particularidades e eventos diversos que apresenta, mas o será a partir do momento em que se considerar os processos históricos que a compõem em seu conjunto como uma totalidade, ou seja, se observar-se um período suficientemente largo desta história e os aspectos que a orientaram, ou sejam, o sentido de tal história. O sentido, apesar de indicar uma espécie de objetivo que torna um povo, nação etc. peculiares (o que também lhes garante a unidade), não é necessariamente estático. Ao longo de seu processo histórico, o sentido pode ser alterado. Sobre isso, é dado o exemplo português: até o século XIV, o sentido de sua história foi o da expulsão dos mouros e da formação do reino, a partir deste século, começou a configurar-se o caráter expansionista comercial ultramarino. O período abordado no livro “Formação do Brasil Contemporâneo” refere-se à última fase da colônia, a da exploração do ouro. Ao fazê-lo, o autor justifica não buscar ignorar os períodos precedentes, pelo contrário, ao explicar a última fase demonstra no que culminaram os processos anteriores. Além disso, pela idéia de um “sentido da colonização”, o caráter que prevalecia ao final não poderia ser diferente do que prevalecera ao início. Não é possível compreender o período colonial brasileiro se este não for inserido em um conjunto histórico maior: o da expansão comercial européia após o século XV. Até aquela data, o eixo comercial fundamental da Europa ligava a península itálica ao norte pelas vias terrestres, o que garantia grande importância, por exemplo, para os cantões suíços ou países da Europa Central, como a Alemanha (ainda que, obviamente, não configurada em sua forma política como a conhecemos). No século XIV, o evolver da navegação desviou a principal rota comercial para a navegação de cabotagem passando pelo estreito