Cafe Filosofico
O Existencialismo não é uma invenção dos nossos contemporâneos, apesar de tal fato não parecer evidente a todos. O grande mérito de Emmanuel Mounier foi o de lembrar as fontes longínquas desta filosofia. Na sua preciosa obra intitulada Introduction aux Existentialismes delineou a árvore existencialista cujas raízes se estendem até Sócrates, aos estóicos, a Agostinho e Bernardo. Daí mostrou o desenvolvimento desta filosofia no mundo de hoje, insistindo com todo o direito na modernidade de Pascal atrás de Kierkegaard, Nietzsche e Heidegger.
Vivemos em uma época turva em que o homem parece haver perdido as chaves do seu universo, e isto, sem dúvida, é que favoreceu o despertar existencialista. Este retorno ao sério, à gravidade, quando não ao pessimismo radical, tem, segundo Mounier, múltiplas causas. O existencialismo é antes de tudo, uma reação contra a filosofia da felicidade. Deus está morto! repetem os existencialistas ateus depois de Nietzsche. Mas, o existencialismo não é somente uma complacência pelo horrendo. Os existencialistas cristãos, por sua vez, desejam reencontrar, por detrás de um cristianismo acomodado, o cristianismo autêntico. Por outro lado, a crise contemporânea é uma crise do homem burguês: assistimos ao deslocamento da noção clássica do homem. Claro que larga parte deve ser atribuída também ao desnorteamento nascido das duas guerras mundiais: a era dos campos de concentração, que viu se generalizarem as técnicas refinadas do aviltamento do homem é pouco propícia para o otimismo. Enfim, o homem contemporâneo já não domina seu meio: "Seus conceitos, seus instrumentos, seus sentimentos, nada mais dele está adaptado ao mundo que o rodeia, nem é capaz de assegurar-lhe sua soberania." O sistema mecanicista fez estalar a armação do mundo, e da desagregação do átomo