Caeiro
Fernando Pessoa afirmou, na carta a Casais Monteiro, que Alberto Caeiro era o seu mestre e o mestre de todos os seus heterónimos, o que se deve ao facto de Caeiro apenas usar os seus sentidos para interpretar e viver a vida, rejeitando o pensamento. Portanto, surge como uma forma de combater a dor de pensar do ortónimo.
Assim, Caeiro afirma que como o pensamento gera infelicidade (“Pensar incomoda como andar à chuva”- Poema I ) devemos evitá-lo, para nos libertarmos dos modelos ideológicos ou culturais e poder ver a realidade concreta (“Penso nisto, não como quem pensa, mas como quem não pensa”- Poema XXXVI ).
Como consequência desta rejeição à arte de pensar, Caeiro adota uma atitude sensacionista, que é uma tendência literária que integra o Modernismo no início do seculo XX e que defende que “A única realidade da vida é a sensação”. Com efeito, o sujeito poético privilegia os órgãos dos sentidos, principalmente a visão porque lhe permite uma perceção das coisas que existem na natureza, na qual se deseja integrar e encontrar paz e tranquilidade. Portanto, é considerado “O poeta do olhar” uma vez que defende que ver é conhecer e compreender o mundo tal como ele realmente é. Para alem disso, para este heterónimo de Pessoa, a verdadeira vida deve reduzir-se ao “puro sentir” e ao “saber ver sem estar e pensar”.
No poema “Sou um guardador de rebanhos”, Caeiro sintetiza o sensacionismo, referindo que “Pensar uma flor é vê-la e cheira-la”- Poema I, ou seja, declara que o pensamento passa a identificar-se como uma complexidade de sensações. Por isso, o sentido das coisas reduz-se à perceção da cor, da forma e da existência, tal como é referido no poema XXXIX em “O único sentido oculto das coisas/É elas não terem sentido oculto nenhum.”.
Concluindo, no universo de Alberto Caeiro sobressaem os sentidos através dos quais devemos sentir, experimentar e ver as coisas que nos rodeiam. Assim sendo, para ele observar é compreender e,