Cadernos Escolares
O caderno brochura de cor verde tem pouco mais da metade usado com bastante desenhos, atividades de colagens e anotações a lápis.
A parte analisada será um dever que utilizava material do livro didático. Na atividade o aluno deveria recortar, vestir e colar os bonecos de ambos os gêneros (feminino e masculino) no caderno, além de nomear as partes do corpo solicitadas e concluir ao preencher as lacunas.
Na parte do boneco, foram nomeadas as partes do corpo corretamente conforme solicitado pela professora, e preenchida a lacuna abaixo da colagem com letra azul: “Eu sou um menino”. Ao lado, a criança desenhou uma bola de futebol.
Já na parte da boneca, as partes do corpo não foram identificadas, e ao redor da colagem a criança desenhou uma prisão com três fogueiras, escrito em baixo de rosa: “Eu sou uma menina”.
O desenho, questionado a meu ver, e intitulado como “Ótimo” pela professora, exprime o sentimento da criança: “Eu não gosto de meninas! Pensa que é fácil ser menino na hora do recreio na minha escola? ” que concluiu com os dizeres: “As meninas são chatas, elas irritam. ”.
Por que essa reação do menino? Será que todas as crianças do sexo masculino pensam desta mesma maneira? Será que a discussão de gênero está sendo feita dentro de sala de aula? Quais critérios a professora utiliza para falar sobre gênero e sexualidade? Será que é falado em coeducação?
Segundo Jimena Furlani, as abordagens de temas relacionados a gênero e sexualidade devem ser iniciadas, ao contrário do que os educadores costumam aceitar, não apenas na adolescência entre 5ª a 8ª série. Gênero e sexualidade, assim como etnia e classe social, “constituem os sujeitos e determinam sua interação social desde os primeiros momentos de sua existência. ”. Ou seja, são manifestados em todas as fases