Caderno pt
Lição nº 14 e 15
Sumário:
Leitura e análise do poema “Ulisses” de Fernando Pessoa.
Inicio da leitura e análise do poema D. Dinis.
Ulisses
O mito é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudo –
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo.
Este que aqui aportou,
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos criou.
Assim a lenda se escorre
A entrar nas realidade,
E a fecundá-la decorre.
Em baixo, a vida, metade
De nada, morre.
1.1. O título do poema é retomado na segunda estrofe através do pronome demonstrativo este “Ulisses”. Ulisses é caracterizado com recurso ao paradoxo(contradição), concretizando a definição de mito contida no primeiro verso:
“O mito é o nada que é tudo” – Definição
“Foi por não ser existindo.” ----------|
“Sem existir nos bastou.” |
“Por não ter vindo foi vindo” |- exemplificação
“E nos criou.”-----------------------------| 1.2. Ulisses poderá representar a vocação marítima dos portugueses, já que é do mar que chega este antepassado mítico dos portugueses.
1.3. Nesta 3ª estrofe evidencia-se o estatuto criador do mito: é ele que “fecunda” a realidade, são as suas possibilidades criadoras que dão sentido ao real. Assim, o que verdadeiramente importa não é a existência real de Ulisses mas aquilo que ele representa: O futuro glorioso de Portugal só poderá concretizar-se através da vivencia do mito e da energia criadora que ele liberta. Desta forma este poema poderá ajudar a explicar os poemas seguintes da “mensagem” onde os heróis fundadores, apesar da sua existência histórica feita de êxitos e fracassos, aparecem mitificados.
1.4. Os dois últimos versos poderão interpretar-se como a afirmação de que sem mito não há vida: A vida(a realidade) que se situa em “baixo” só tem sentido quando