Caderno de poesias
Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudade morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Que sol!que céu azul!que doce n’alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória,o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã! Álvares de Azevedo
Comentário: Neste poema ele fez um relatório, se caso acontecesse alguma coisa com ele no outro dia, o poema retrata o escapismo, fantasia, culto a morte.
VIRGENS MORTAS
Quando uma virgem morre, uma estrella aparece,
Nova, no velho engaste azul do firmamento,
E a alma da que morreu de momento em momento,
Na luz da que nasceu palpita e resplandece.
Ó vós. que, no silencio e no recolhimento
Do campo, conversas a sós quando anoitece,
Cuidado! - o que dizeis como um rumor de prece,
Vai sussurrar no céu, levado pelo vento
Namorados, que andas com a boca transbordando
De beijos, perturbando o campo sossegado
E o casto coração das flores inflamando,
- Piedade!Elas vêem tudo entre as moitas escuras...
Piedade esse impudor ofende o olhar gelado!
Das que viveram sós, das que morreram puras! Olavo Bilac
Comentário: Este poema Olavo Bilac retrata a pureza no coração das virgens, linguagem rebuscada. |
O GONDOLEIRO DO AMOR barcarola dama-negra
Teus olhos são negros, negros,
Como as noites sem luar...
São ardentes, são profundos,
Como o negrume do mar;
Sobre o barco dos amores,
Da vida boiando à flor,
Douram teus olhos a fronte
Do Gondoleiro do amor.
Tua voz é cavatina
Dos palácios de Sorrento,
Quando a praia beija a vaga,
Quando a vaga beija o vento.
E como em noites de Itália
Ama um canto o pescador,