Cadeia global de valor industria de calçados
BNDES Setorial 31, p. 147-184
Indústria calçadista e estratégias de fortalecimento da competitividade
Silvia Maria Guidolin
Ana Cristina Rodrigues da Costa
Érico Rial Pinto da Rocha*
Resumo
Apenas os países que sustentam vantagens competitivas relevantes nas etapas de criação, design, marketing e coordenação da cadeia de produção e distribuição da indústria calçadista conseguem manter um papel ativo na cadeia de valor, enquanto os países que produzem calçados com base em custos de produção baixos (principalmente mão de obra) tendem a perder competitividade. O deslocamento geográfico da indústria de calçados no mundo é coerente com a dinâmica da concorrência nas cadeias produtivas, cuja competitividade depende de esforços no desenvolvimento dos canais de marketing, dado que a esfera da comercialização é o principal espaço de agregação de valor. Assim, como a etapa de manufatura não é o principal fator determinante de vantagens competitivas sustentáveis, esta passa a ser realizada por empresas subcontratadas que apresentarem os menores custos, independentemente de sua localização. Dessa forma, com base na tipolo*
Respectivamente, economista, gerente e estagiário do Departamento de Bens de Consumo, Comércio e Serviços da Área Industrial do BNDES.
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gia de modernização industrial, o artigo busca mostrar quais as principais estratégias adotadas pelos países para sustentar suas indústrias de forma competitiva, bem como sua inserção na cadeia global, e a estratégia do
Brasil para modificar seu posicionamento e sustentar a competitividade no comércio internacional, apesar das fragilidades da indústria local.
Introdução
Ao longo das últimas décadas, tem-se observado o deslocamento das indústrias intensivas em trabalho para diferentes lugares do mundo, o que proporciona a geração de emprego e renda em países em desenvolvimento.
Conforme aponta Scott (2006), essas indústrias, como as de