Cabala
Cabala: o caminho para o encontro com a Criação
Envolta em mistérios de acesso antigamente restrito apenas aos homens, o termo Cabala já teve má reputação na língua portuguesa, vinculado a conceitos de maquinação secreta e até à magia negra. Mas ela nada mais é do que uma corrente mística da religião judaica que busca levar o homem para mais perto de Deus.
DÉBORA LERRER
A Cabala é uma das correntes místicas do judaísmo. O termo significa literalmente recepção e, por conseqüência, tradição. O primeiro cabalista seria o patriarca Abraham, que viu as maravilhas da existência humana, perguntou questões ao Criador e os mundos mais elevados foram revelados a ele. O conhecimento que ele adquiriu e o método que ele usou para aprende-lo foram passados para seus descendentes e a Cabala foi sendo transmitida oralmente durante séculos.
O primeiro trabalho sobre a Cabala, o Sefer Yetzirah, o Livro da Criação, é atribuído a Abraham. Este texto básico da Cabala explica os 32 caminhos da sabedoria que foram utilizados no processo da Criação. Estes caminhos estão incluídos nas dez Sefirot, as luzes divinas, que agem como canais criativos e conscientes da criação, e nas 22 letras do alfabeto hebraico. As letras são os alicerces, os vasos, e incluem todas as combinações e permutações através das quais Deus criou o mundo com palavras. A Cabala ensina que as palavras, combinações e permutações de letras são vasos através dos quais o processo criativo se realiza.
"A Cabala procura essencialmente descobrir a origem de tudo o que existe: o mundo, o ser humano, a vida, a morte, e elevar o ser humano espiritualmente para ele poder entrar em contato com Deus", explica o rabino Yehuda Busquila, da Congregação Israelita Paulista.
Sete gerações depois de Abraham, no Monte Sinai, a Torá - nome pelos qual a Bíblia é chamada pelos judeus - foi entregue em duas dimensões a Moisés: a parte pública, que nós conhecemos, com o corpo de leis que expressam as vontades de