Bullying
Bullying: mais uma epidemia invisível?
Bullying: another invisible epidemic?
Marisa Palácios1 Sergio Rego2 Foi divulgado, em 2003, o relatório de uma pesquisa multicêntrica internacional, realizada sob os auspícios da Organização Internacional do Trabalho, sobre a violência nos ambientes de trabalho no setor saúde1. Este estudo foi realizado em países com diferentes graus de desenvolvimento socioeconômico: Brasil, África do Sul, Bulgária, Tailândia, Líbano, Portugal e Austrália. A idéia era quantificar e qualificar o fenômeno da violência nesses ambientes. No Brasil, o estudo foi realizado na cidade do Rio de Janeiro2. Entre as grandes surpresas evidenciadas pelos estudos, encontra-se a violência perpetrada contra profissionais de saúde por profissionais de saúde. A violência entre colegas. A violência entre chefes e subordinados. Embora a violência física também tenha sido observada, foi a violência moral, denominada assédio moral, a que mais chamou a atenção da equipe. Ela refere-se a um comportamento ofensivo, humilhante, que desqualifica ou desmoraliza, repetido e em excesso, através de ataques vingativos, cruéis e maliciosos que objetivam rebaixar um indivíduo ou grupo de trabalhadoras/es2. Um dos fatos que ajudou a dar destaque à violência entre estes atores foi observado num dos locais pesquisados. Uma pesquisadora foi procurada por um profissional de nível superior que não havia sido selecionado na amostra para ser entrevistado e ele, chorando, agradeceu que alguém estivesse preocupado com a violência que assume a forma do assédio moral. Dizia ele: esta prática faz com que a gente acabe quase acreditando no que dizem da gente, de tanto que a pressão e as humilhações se repetem. Este fenômeno, o assédio moral, vem ganhando espaço na literatura especializada e na grande imprensa em geral e tem nomes específicos em inglês: mobbing e moral harassment. O assédio moral não tem nada a ver com uma administração rigorosa ou exigente, mas tem a ver,