Brás, Bexiga e Barra Funda- A Sociedade.
“A Sociedade” narra a história de um jovem casal composto por um rapaz, filho de imigrantes italianos e uma jovem, filha de um casal paulista aristocrata. No decorrer do conto percebe-se um grande preconceito da família de Teresa Rita para com a família de seu namorado, Adriano Melli, pelo fato desta ser de imigrantes. O jovem casal conquista a permissão dos pais para ficarem juntos apenas no final do conto, quando os respectivos pais tornam-se sócios em seus negócios, ocasionando, posteriormente, o noivado dos namorados. Nota-se que o presente conto relata a vida do imigrante italiano, que chega a São Paulo no início do século passado, de um modo diferente dos demais. Salvatore Melli, pai de Adriano, já obteve uma ascensão econômica enquanto grande parte das outras narrativas de Brás, Bexiga e Barra Funda enfatiza os contratempos de adaptação que esses imigrantes enfrentaram, não apenas no âmbito cultural, mas principalmente no financeiro. Rubens Ricupero relata como foi a chegada desse imigrante à nova metrópole:
As duas primeiras décadas do século marcam o momento de maior intensidade da maneira de ser ítalo-brasileira. Antes, predominava o talo, o estrangeiro inseguro, preocupado em sobreviver, ignorante da língua e dos costumes. Depois, irá prevalecer, pouco a pouco, o brasileiro, o neto ou bisneto de italianos integrado na comunidade (...). É quando os filhos de imigrantes, confiantes em seus direitos de brasileiros natos, mais à vontade na língua que aprenderam no Grupo Escolar do que no dialeto ouvido em casa, se lançam à luta pela conquista de um lugar melhor na sociedade de adoção. (1993, pg.140)
Como indica Ricupero, esse grupo de imigrantes que chegava a São Paulo foi gradativamente conquistando seu espaço na sociedade. Além das dificuldades, já mencionadas, o grupo sofria ainda certo preconceito por parte das famílias tradicionais paulistanas também conhecidas por “quatrocentonas”, não apenas por conta das