Brincar e trabalhar
Jogo e Trabalho Brincar é anterior ao jogar. Brincar é a forma livre e individual do exercício funcional. Jogar é uma conduta social que impõe regras. O termo lúdico abrange os dois: a atividade individual e livre e a coletiva e regrada. Ludicamente é sinônimo de livremente. O resultado dessa ação livre é o prazer, porém o prazer pode associar-se a qualquer atividade, inversamente, a imposição pode retirar o prazer. A imposição em realizar uma brincadeira, transforma-a sutilmente em trabalho. Parece necessário, ao pensar a educação pelo jogo, refletir simultaneamente sobre a educação pelo trabalho, enfrentando o preconceito que entre nós, separa as ideias de infância da de trabalho. Para Freinet, Dewey, Makarenko, o trabalho, dentro do ambiente escolar, pode constituir-se em poderoso instrumento educativo. Em uma sala vazia, uma criança não pode exercer atividade livre; sua liberdade cresce na medida em que lhe são oferecidas possibilidades de ação, isto é, opções. Povoar o espaço com jogos viáveis, passíveis de utilização autônoma, requer um alto grau de conhecimento psicogenético; o equilíbrio entre o livre e o imposto deve ser encontrado. A atividade imposta é trabalho. A dialética jogo-trabalho pode resgatar a liberdade do jogo e o prazer do trabalho.
Infância e Ludicidade Na concepção walloniana, infantil é sinônimo de lúdico. Toda a atividade da criança é lúdica, no sentido de que se exerce por si, mesma. Na dialética walloniana, afirma-se simultaneamente um estado atual e uma tendência futura: as atividades surgem livres, porém, ao aperfeiçoar-se tornam-se aptas a entrar em cadeias mais complexas, como ações intermediárias. O trabalho, entendido como qualquer ação instrumental subordinada a um fim externo e a um produto, corresponde, portanto, aquela para onde tende a atividade lúdica. O lúdico, então, corresponde a tudo aquilo que se refere à infância. Em certo sentido, pode-se dizer que toda a motricidade infantil é