Breve exposição metafórica sobre pesquisa científica
Com o passar dos tempos, a humanidade lentamente reuniu vastos conhecimentos, que conduzem a apropriações da realidade existencial da humanidade (FACHIN, 2006).
Ítalo Calvino, um notável escritor italiano, emite em suas obras um olhar límpido, não tem nada de tátil, é um raio, ilumina, mas não exala odores, assim como na pesquisa científica, na qual o pesquisador deve ter o cuidado de não exalar suas impressões, pudores e preconceitos no trabalho que está realizando. Calvino persegue no desenvolver de sua literatura um procedimento que pode ser comparado aqueles de natureza científica.
Sob este enfoque, podemos trazer aqui a definição de Lakartos e Marconi (1992, p.43), citada no texto sobre o que é pesquisa científica:
“...a pesquisa pode ser considerada um procedimento formal com método de pensamento reflexivo que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para se conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais”.
Em O cavaleiro inexistente (2005) há uma frase significativa em que uma das suas personagens, Teodora, diz: “O que minha pena e eu buscamos é a verdade. A verdade que espero me venha sempre do fundo de uma página em branco”. Aqui percebemos que o escritor tem como foco de interesse a verdade. E essa premissa corrobora com a assertiva de Demo (1987, p. 23), que diz: "pesquisa é a atividade científica pela qual descobrimos a realidade". Calvino não é relativista, mas tem capacidade de captar todos os pontos de vista, todas as facetas de um aspecto do real. Nisso, seu conhecimento analítico parece favorecê-lo, mas no fundo, permanece a dúvida se a verdade absoluta existe, pois a página em branco nos remete a pureza da pesquisa sem a impressão de percepções individuais e empíricas, não condizentes com a pesquisa científica.
Assim como na pesquisa científica, em que determinados fenômenos podem ser revistos sob pontos de vista diferenciados, Calvino chega a