Breve análise do soneto pálida à luz, de Álvares de Azevedo
Eis o soneto:
A Pálida à luz da lâmpada sombria, - Antítese
B Sobre o leito de flores reclinada, - Eufemismo (se for mórbido)
B Como a lua por noite embalsamada,
A Entre as nuvens do amor ela dormia!
A Era a virgem do mar, na escuma fria - metáfora
B Pela maré das águas embalada!
B Era um anjo entre nuvens d'alvorada - metáfora
A Que em sonhos se banhava e se esquecia!
A Era mais bela! o seio palpitando - Anacoluto
B Negros olhos as pálpebras abrindo
A Formas nuas no leito resvalando
A Não te rias de mim, meu anjo lindo!
B Por ti - as noites eu velei chorando,
A Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo! - Antítese.
Agora a análise do soneto:
Eu lírico: Ao lermos o texto, percebemos que o eu-lírico representa um jovem que sofre por amor a uma mulher, que ele idealiza de uma forma angelical.
Tu poético: Para uma mulher que pode ser a personificação de um amor, tanto existente, quanto inexistente.
Assunto: No primeiro verso da primeira estrofe, a mulher amada é caracterizada como pálida, o que se opõe à sombria lâmpada, pois o aspecto sombrio sempre nos lembra escuridão. A brancura expressa da amada, juntamente com a obscuridade atribuída, oferece uma visão fúnebre, e no segundo verso da primeira estrofe isso acontece novamente.
No terceiro verso da primeira estrofe a palavra “embalsamar” pode assumir dois sentidos: sentido aromático, isto é, sentido de exalar cheiro, ou sentido de preparar o cadáver para resistir à deterioração. Porém há um sentido comum entre eles, no contexto em que o poema se expressa, o sentido apropriado seria o de perfumar-se, para relacionar-se às flores, as quais exalam aromas próprios.
Nos dois primeiros versos da segunda estrofe são descritas a calma e a harmonia da amada, que é embalada pela maré das águas. O termo “embalada” está no sentido de balançar. Mais adiante a amada tem aparência angelical da amada que se banhava em