Bresser

A violência sexual retratada no filme “A Ira de um Anjo” submete-nos ao pensamento do autor Azevedo e Guerra (1995) que afirma que “Todo ato ou omissão praticado por pais, parentes ou responsáveis contra crianças e adolescentes que – sendo capaz de causar dano físico, sexual e/ou psicológico à vítima – implica, de um lado, numa coisificação da infância, isto é, numa negação do direito que crianças e adolescentes têm de ser tratados como sujeitos e pessoas em condições peculiares de desenvolvimento.”
Esse desenvolvimento tão desraigado do contexto família costuma deixar seqüelas no comportamento infantil, que abordadas no filme, ressaltam a personalidade problemática de duas crianças, em especial, a atriz principal Catherine, de apenas sete anos, que foi abusada sexualmente pelo pai quando bebê e que deixou marcas em sua capacidade de discernir atitudes do que seria certo e errado. Assim como o seu irmão mais novo: Eric, que espancado por sua irmã, sofreu problemas emocionais e físicos.
A falta de uma família com valores enraizados servindo como intercessora na educação dessas crianças; resultaram conflitos internos e que não trabalhados foram expostos em forma de sintomas. A Catherine utilizava-se de ações sedutoras e manipuladoras para obter o desejo realizado, tinha em seu interior o desejo de morte e destruição. Já o Eric, seu irmão mais novo, sofre em silêncio por medo, obedecendo a sua irmã que age de forma a controlar situações, causando sofrimento e insegurança.
O desenvolvimento cognitivo e emocional de ambas as crianças adotadas encontram-se em formação. De acordo com a Cória-Sabini, “o processo de socialização exige que a criança entre no mundo dos adultos, com a aprendizagem de habilidades que lhe serão úteis no futuro.” Porém, a falta desse modelo familiar, levou as crianças a um abrigo e três tentativas de adoção, causando maior frustração e sentimento de rejeição.
No entanto, um casal com intuito de adotá-los se dispôs a ajudar esses infantes.