Brasilia Cinquenten Ria
11971 palavras
48 páginas
119.01year 10, apr. 2010Brasília cinquentenária: a paixão de uma monumentalidade nova (1)
Carlos Eduardo Dias Comas and Marcos Leite Almeida
Uma monumentalidade precursora
A interiorização da capital do Brasil volta a se discutir após o fim do Estado Novo. No governo Dutra (1946-50), a Comissão de Localização da Nova Capital define o território do Distrito Federal, ratificando conclusões de 1893. No governo Vargas (1951-54), a Comissão examina as diferentes alternativas para o assentamento urbano nesse território. No governo Café Filho (1954-55), a Comissão define o sítio da cidade e propõe batizá-la de Vera Cruz, o primeiro nome do país (2). O relatório então apresentado inclui um plano elaborado por José de Oliveira Reis, Raul Pena Firme e Roberto Lacombe, professores de Urbanismo na Universidade Federal do Rio de Janeiro. (3)
O plano de Vera Cruz prevê o represamento do Rio Paranoá para criar um lago cujos braços limitam uma calota convexa que se estende e eleva para oeste, ocupada por trama xadrez de superquadras. O centro da mesma é o cruzamento de nível de duas largas avenidas arborizadas, a Avenida do Comércio e a Avenida da Independência. A primeira corre entre o conjunto das gares e mercados a norte e a grande praça ao sul, junto ao cruzamento, à volta da qual se implantam a catedral, os teatros, os cinemas, os cafés e o edifício da Prefeitura. A segunda corre ao longo do espigão da calota, entre o Panteão Nacional em rótula viária a leste e o Centro Governamental a oeste, logo após o cruzamento. No Panteão, a Avenida da Independência se bifurca, limita uma Tribuna Pública triangular e vai servir o Campus Universitário e os parques junto ao lago. No Centro Governamental, uma fila de Ministérios se encabeça pela Presidência, a outra pelo Judiciário e ambas ladeiam uma praça rematada pelo Congresso, atrás do qual fica o bairro-jardim das embaixadas. A separação entre veículos e pedestres é preceito creditado a Le Corbusier, a feição é acadêmica, como no