brasil
Brasil, Brazil: sonhos e frustrações.
José Murilo de Carvalho.
Juliet: "What's in a name? That which we call a rose
By any other word would smell as sweet".
(W. Shakespeare. Romeo and Juliet (II, ii, 43-44).
A palavra e a coisa.
Julieta parecia não dar grande importância a nomes: a rosa manteria seu perfume sob qualquer outra denominação. Mas o próprio Shakespeare a desmentiu fazendo com que o peso dos nomes de Capuleto e Montéquio levasse à tragédia que vitimou os dois amantes. Haveria algo no nome dos países que pudesse afetar sua identidade e seu destino, para o bem ou para o mal, para a felicidade ou para a tragédia? O nome faz o país, ou é o país que faz o nome? Há países que fazem seu nome e países que são por ele moldados? Um país que se auto-nomeia é o mesmo que um país nomeado? Este é o intrigante desafio que nos lançam os organizadores deste simpósio. Ao começar este trabalho sobre o nome do Brasil, não tinha qualquer idéia sobre as conclusões a que chegaria. Não estou certo de que cheguei a alguma.
Muitas palavras para a mesma coisa.
Uma das características da chegada de espanhóis e portugueses ao continente hoje chamado de América foi a incerteza em relação à natureza da coisa. Eram as
Índias, era um mundo novo, era uma ilha, era um continente? Colombo achava que eram as Índias ocidentais, Cabral pensou que era uma ilha, Vespúcio desconfiou que era um continente novamente descoberto. A incerteza em relação ao todo reproduziu-se em relação às partes, sobretudo àquelas habitadas por povos nômades com baixo grau de organização social.
Foi o caso da parte visitada por Cabral em 1500. Ao longo dos séculos XVI e
XVII, ela foi batizada com vários nomes. A disputa sobre como grafar o nome Brasil estendeu-se até o século XX. E até hoje se discute a origem do nome. Difícil imaginar
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outro país com tão grande dificuldade de decidir até mesmo seu