Brasil e suas economias
Valor Econômico, 23/10/14
Seja para melhorar a produtividade geral diante de um futuro próximo, em que a mão de obra se tornará o fator escasso, seja para reanimar sua debilitada indústria, o Brasil precisará recobrar o vigor de suas exportações de manufaturados. Sujeitas a uma competição virtualmente ilimitada, faz parte do modo de operação - ou de sobrevivência - das empresas exportadoras dominar e disseminar tecnologias e processos de produção que, em geral, tendem a ser mais avançados que os de boa parte das empresas voltadas apenas para o mercado interno, ainda mais em um país fechado como o Brasil.
Os déficits crescentes na balança dos manufaturados são apenas uma das faces da perda de competitividade brasileira, assim como o fim dos grandes superávits comerciais e sua transformação potencial em déficits; a erosão da produção doméstica diante de bens importados e a volta da predominância dos bens primários na pauta de exportações. A integração com as redes mundiais de produção é um dos elementos cruciais para se avaliar a vitalidade da produção brasileira. Relatório recémdivulgado da Organização Mundial do Comércio mostra que não houve grandes avanços nessa relação do Brasil com o mundo.
Dirigidas pelas empresas multinacionais, as cadeias são a cara produtiva da globalização - buscam o menor custo e melhor e mais eficiente fornecedor de todos os bens e serviços que envolvem a maior parte das etapas de fabricação de um produto, integrando-os a um processo de fato internacional.
A participação do Brasil nessas redes de produção só é maior do que a do Canadá e África do Sul entre 30 países relevantes na produção global, segundo a OMC. Enquanto que em 1995, 30% das exportações do país continham insumos importados, em
2008 essa fatia evoluiu para 40%. Curiosamente, esse era o mesmo quadro há mais de duas décadas, com a diferença que
China, Índia e Turquia tinham menor integração à produção global