Brasil: um país de migrantes
A história do povo brasileiro é uma história de migrações, da busca contínua pela conquista da sobrevivência. As migrações não ocorreram ou ocorrem por causa de guerras, mas pela inconstância dos ciclos econômicos e de uma economia planejada independentemente das necessidades da população. A Igreja procurou peregrinar com o seu povo, mas nem sempre conseguiu, quer por falta de quadros, quer pelas limitações de visão pastoral.
O POVO É VÍTIMA
A economia brasileira teve como maior fundamento a surpresa e o não-planejamento. O povo correu atrás da economia e esta não o levou em conta, a não ser como mão-de-obra. O primeiro ciclo foi o do pau-brasil, e os índios acabaram escravos. Veio o ciclo da cana-de-açúcar e, além do índio, escravizou-se o negro africano. Seguiu o ciclo do ouro e das pedras preciosas, e milhares de brancos pobres, índios e negros padeceram nas jazidas. Com a chegada do ciclo do café, achou-se melhor mandar embora o negro e trazer para as fazendas mão-de-obra barata da Europa e do nordeste.
O ciclo da borracha atraiu para a Amazônia os nordestinos fugidos da seca e da miséria. Finalmente, o ciclo industrial fez com que os camponeses migrassem para a cidade.
Assistiu-se, dessa forma, à corrida dos trabalhadores para as regiões que prometiam fartura e sossego, mas encontraram somente a exploração barata e rigorosa de sua força.
UM POVO DESENRAIZADO
Segundo estudos de José O. Beozzo, em 1980, 40 milhões de brasileiros viviam num município diferente de onde tinham nascido. E isso sem contar as transferências dentro de uma mesma municipalidade: da roça para a cidade e de uma roça para outra. Isso daria quase o dobro de migrantes.
Os números são frios e escondem uma realidade bem mais dura: o migrante é aquele que perde sua raiz, seu chão natal, o contato com os parentes, os amigos, sua igreja, suas festas...
ÍNDIOS E NEGROS
Os povos indígenas foram os primeiros brasileiros forçados à migração. Levados à força para