Brasil: Território e sociedade no início do século XXI
Muito embora o governo tenha feito esforços para construir consensos, não há como esconder o descontentamento da maioria dos educadores em torno dessa política educacional dos anos de 1990.Uma política que se inicia sobre um diagnóstico da crise, com quadros de estatísticas de fracasso escolar e de analfabetismo comparados com dados internacionais para concluir que o problema do quadro educacional brasileiro devia-se a ineficiência de sua gestão e não à falta de recursos.Justificam uma mudança da centralidade da educação e do conhecimento para a chamada sociedade da informação e inserção do indivíduo no mercado de trabalho, através de um projeto com interesses capitalistas e ideais de outras épocas.No entanto, como pretendem Governo e Estado melhorarem a qualidade da educação cortando verbas de programas por eles próprios criados, negligenciando a falta de infra-estrutura e os salários baixos dos professores?Uma das hipóteses para entender os problemas do projeto educacional brasileiro implementado nos anos de 1990 pode ser sua articulação com interesses internacionais muito distantes e sem efetivas relações com a nossa realidade.
Os discursos das agências internacionais parecem não se ajustar à realidade brasileira. O discurso reformista alega preocupação em ampliar as oportunidades escolares, mas recomenda eficiência sem aumento de gastos; alega preocupação com a qualidade, mas aumentam o número de alunos por classes; paga aos professores salários baixos e reclamam da falta de qualificação; admite ser os salários dos professores baixos, mas sugerem apenas gratificação por desempenho.Que política educacional é essa que se espelha numa realidade que não é a de nossas escolas e professores? Mas se olharmos realmente para os nossos professores e a realidade de nossos alunos, as mudanças e possíveis propostas que serão necessárias continuarão a articular a política educacional com as necessidades do capitalismo econômico, isto é, continuarão