Brasil Part 6
“Existem políticas de conjuntura do Ministério da Fazenda, mas o planejamento governamental está perdido na Casa Civil, que é imprópria para fazer planejamento e mistura projetos de infraestrutura, muitas ações políticas, e falta coordenação econômica de médio prazo”, constata o economista.
O ano de 2014 representa um desafio crítico à equipe econômica do governo federal, porque “o tripé macroeconômico responsável pela responsabilidade fiscal, pela questão da inflação, do equilíbrio externo, está de certa forma desalinhado”, avalia Guilherme Delgadoem entrevista à IHU On-Line, concedida por telefone. Na avaliação dele, a dívida pública impactada pelo processo de retomada da taxa básica Selic, a condição externa ruim da conta corrente e o baixo crescimento conferiram a 2013 “um ano de semiestagnação”.
Ele explica que, nos dois primeiros anos, o governo Dilmarompeu com o tripé macroeconômico, apostando em um crescimento apoiado em políticas keynesianas de ativação do crédito e do gasto público. Mas no terceiro ano retomou a fórmula e demarcou “um retorno ao conservadorismo econômico, talvez nem tanto por concepção, mas por uma certa imposição das circunstâncias e uma leitura que o governo fez no sentido de se adaptar a essa engenharia financeira”.
Para Delgado, os déficits da economia brasileira e o baixo crescimento estão relacionados a “uma aposta imediatista” do governo de conferir ao setor agroindustrial um “papel diretor na política econômica” e de abandonar os investimentos em setores industriais de intensidade tecnológica. “Essa é uma arma séria contra o próprio futuro da indústria, e com isso o Brasil acumula déficits enormes, como no ano passado: mais de 100 bilhões de dólares nas transações comerciais da indústria”, adverte.
O economista destaca ainda que a política de incentivo ao consumo por meio do crédito, iniciada no governo Lula,