Brasil em 1980 e 1990
Tendo como objetivo esclarecer o contexto sócioeconômico do Brasil durante os anos 1980 urge apresentar algumas reflexões sobre a situação econômica vivenciada pelo país no referido espaço cronológico. Segundo Wilson Cano (1994) afirma que apesar do arrocho salarial empregado pelas políticas econômicas adotadas no pós 64 e reforçadas nos anos 1970 houve “a notável expansão quantitativa do emprego urbano e a elevada diversificação da estrutura ocupacional – aumentando consideravelmente os postos de trabalho mais qualificados e mais bem remunerados – possibilitaram, mais uma vez, a contenção de reformas sociais estruturais requeridas, notadamente a agrária. Contudo, o Censo demográfico de 1980 revelaria notável piora dos níveis pessoais da distribuição de renda e considerável aumento do emprego informal”. (CANO, 1994:595). Ainda rastreando a análise feita pelo professor Wilson Cano que afirma ter havido uma herança negativa dos anos 1970 em função de um exagerado endividamento externo, levando, com isso, a um problema financeiro ao Estado brasileiro, “fragilizando-o e debilitando-o, já no final da década”. (CANO, 1994:595). Ora, a situação econômica vivenciada pelo Brasil decorre do fato de sua dependência ao capital estrangeiro, principalmente norte-americano. Não se pode esquecer que a crise no campo do capitalismo já se desenhava no início da década de 1970 e se torna mais aguda no final da referida década.
Cano ainda afirma que o país teve uma redução na sua produção industrial, excetuando alguns setores que se beneficiavam da “reserva de mercado” até ao final da década, como foi o caso do setor de informática e outros setores da indústria que tiveram aportes de investimentos públicos como projetos petrolíferos, químicos e minero-metalúrgicos, ferro e não-ferrosos (Carajás, Alunorte e outros). (CANO, 1994:596). Esse crescimento praticamente nulo no setor industrial apresentou efeitos graves no que concerne a