brasil dificil
Posted by eduguim on 13/03/14 • Categorized as Análise
No primeiro turno da eleição presidencial de 1989, votei em Mario Covas “por falta de opção”. Aos 30 anos, foi meu primeiro voto para presidente e eu, tanto quanto qualquer outro, sabíamos que teríamos que “acertar” na primeira eleição para esse cargo após quase três décadas sem votar. Nesse aspecto, Covas parecia mais “confiável”.
Apesar disso, havia um frisson em torno da figura carismática de Lula, o que, no futuro, mostrar-se-ia justificado. Muitos entenderam que suas dificuldades em usar a norma culta do idioma, comendo esses e violando a concordância verbal, não impediriam que, caso fosse eleito, fizesse um governo do povo, pelo povo e para o povo.
Contudo, não foram as suas dificuldades com o idioma ou a falta de um diploma universitário – argumentos dos seus adversários de então para desqualificá-lo – que me impediram de lhe dar meu voto no primeiro turno. Votei em Covas porque o PT me irritara profundamente ao se negar a assinar a nova Constituição, um ano antes.
“O PT é muito radical”, dizia eu. Poucos anos antes – como praticamente toda a juventude –, eu fora à rua pelas Diretas Já porque acreditava que o mero direito de votar para presidente colocaria fim à terrível crise econômica que a ditadura militar legara ao país. A nova Constituição, pois, simbolizava a era de liberdade e democracia que se descortinava.
Mas o PT, há um quarto de século, era o que o PSOL ou o PSTU são hoje; era contra “tudo isso que está aí”. Criticava todo mundo e acenava com soluções “milagrosas” que implantariam a felicidade e a prosperidade por decreto.
No segundo turno, porém, agora tendo que escolher entre Lula e Fernando Collor de Mello, não tive dúvida: não apenas votei em Lula, mas revi meu ponto de vista sobre ser radical. Sem radicalizar, de fato não se chegaria a lugar algum. Ao menos era nisso que eu acreditava.
Hoje, porém,