Brasil atrai grande numero de imigrantes bolivianos
Nos jornais brasileiros, não são raras as notícias sobre oficinas de costura que empregam bolivianos em forma de trabalho escravo. Verdade ou exagero, a colônia boliviana cresce na maior metrópole latino-americana.
Em alguns trabalhos acadêmicos sobre o assunto, chega-se a falar de "senzalas bolivianas", numa referência a oficinas de costura, onde os imigrantes daquele país ganham por hora e por isso se autoescravizam em jornadas absurdas de trabalho e condições desumanas de moradia. Além do medo de serem descobertos, quando vivem ilegalmente no Brasil. "Como em todo lugar do mundo, os que não têm documento são explorados. Isso acontece em qualquer lugar e aqui é a mesma coisa. Nem sempre no ramo da costura, mas também em outros setores, como nas oficinas mecânicas, por exemplo. Uma empresa formal não vai se arriscar a contratar um clandestino, o que faz com que, quando eles conseguem trabalho, aceitam salários muito mais baixos do que o normal", diz Carlos Sotto, há 39 anos no Brasil e um dos idealizadores da feira da Praça Kantuta.
Nesta feira, os bolivianos de São Paulo se reúnem aos domingos para jogar futebol, degustar comidas originárias de seu país, cantar, dançar e encontrar amigos. Há de tudo no local, desde oferta de roupas a cabeleireiros ou parquinho infantil. Segundo Sotto, "continua chegando uma média de três a cinco ônibus cheios de bolivianos por dia a São Paulo. A colônia atualmente é a que mais cresce na cidade", diz ele em frente à sua barraca de salteñas na Praça Kantuta. Ausência de guetos
Estimativas extraoficiais, como a citada em texto publicado pelos pesquisadores Renato Cymbalista e Iara Rolnik Xavier, falam de 100 mil bolivianos vivendo na cidade, em sua maioria jovens, de baixa escolaridade, empregados na indústria do vestuário. Há fontes que chegam a mencionar um total de 200 mil. Se no início os bolivianos estiveram pouco presentes no espaço público, isso se deu em função do