BORIS KOSSOY
Na primeira parte do livro, cinco textos compõem uma espécie de síntesedas considerações teóricas do autor, sistematizadas em trabalhos mais completos, como Fotografia e História. A fotografia é aí analisada como fonte histórica, como documento do qual se serve ohistoriador para compreender/interpretar o passado.
Ele explica que o fotógrafo sempre procura o melhor ângulo, uma melhor visão ou um melhor enquadramento e que as fotografias se prestam para ilustrarficções e invenções sobre o mundo. Neste sentido, o documento é muito relativo, pois geralmente retrata algo a partir da realidade conforme a ideologia, e as bagagens culturais e estéticas do autor. Ecomo será utilizada nos meios de comunicação, com uma legenda que não bate com a foto, que não tem nada a ver com aquilo que aconteceu? Este trabalho visa mostrar esta condição real da fotografia, que éde construir realidades e, portanto, ficções.
De acordo com Kossoy, o documento nunca vai se perder. A questão é: como isolá-lo de todo o tipo de interferência escrita que auxilia nesta manipulação,nesta construção de uma realidade que nunca existiu? Como cercar aquele passado de outras informações, verdadeiras, sobre o fato para melhor interpretar as fotografias? Não que as fotografias mentem.Mente aquele que está atrás da câmera. A fotografia apenas mostra aquilo que é produto de um mecanismo óptico, mecânico, ou eletrônico, que registra a forma como é utilizada e é aí que está a questão.É o que vemos nos jornais todos os dias: fotos cortadas, imagens dilapidadas. Os textos que são atribuídos a elas nada têm a ver, ou tem a ver com a ideologia que a empresa pretende passar.