Boltanski - Arte
A obra em estudo neste trabalho se chama “Reserva de Suíços Mortos” de Christian Boltanski (Paris, FRA, 1944) apresentada em 1990.
A instalação consiste em duas grandes paredes montadas com latas de biscoito de aparencia rudimentar, sujas e enferrrujadas. Junto a elas temos diversas fotos em preto e branco extraídas de obituários de jornal. As imagens são dos rostos de suícos já mortos (segundo o próprio autor, a nacionalidade em questão foi escolhida pela sua relação com a aneutralidade). A peça foi instalada à meia-luz, fazendo uso de spots de fraca iluminação direcionados tanto para as fotografias quanto para as paredes montadas com as caixas. A ambientação gera uma atmosfera que faz referência à religiosidade, de forte conteúdo emocional que dá ao espectador a impressão de que está fazendo uma visita a uma capela em memória dos mortos. As obras de Christian Boltanski costumam evocar questões como memória, perda, culpa e morte. Apesar de já ter trabalhado com vários tipos de suporte, atualmente tem as instalações como o forte de sua produção.
Uma relação mais direta do trabalho com um dos textos lidos e discutidos no curso salta aos olhos: as fotografias retiradas dos obtiuários são facilmente relacionáveis com alguns aspectos trabalhados no texto de Philip Dubois, “O Ato fotográfico”. A relação da fotografia com a morte se torna evidente, beirando o literal no caso desta peça. Aqui, a foto da pessoa que morreu se torna referência direta a ela, um “objeto fantasma”, se relacionando com a imagem da pessoa quando viva. Segundo o próprio Boltanski: “Quando alguém morre, após um instante, você já não pode mais visualiza-lo, este alguém só será lembrado através de seus retratos, (...) (fotos) são simultaneamente presença e ausência”. No trabalho em questão é interessante notar que as imagens estão e preto e branco, com baixa qualidade de definição, o que reforça a relação com as imagens da memória bem como as aproximam das