BOLHA
Curiosamente, a gota d’água do estouro da bolha foi outra pegadinha: o bug do milênio. Estimuladas pela paranóia e gente mal intencionada, as empresas gastaram fortunas para se preparar para a tragédia anunciada, que nunca veio. Já com recursos em baixa, o mercado começou a abrir o bico ainda no primeiro trimestre de 2000.
O hit da estação era a sigla IPO: iniciais da expressão inglesa que significa o lançamento das ações de uma nova empresa no mercado financeiro. Descolar uma grana num IPO parecia brincadeira de criança. Era só quebrar o pote de barro e se deleitar na chuva de moedas de ouro.
Fernando Espuelas, um uruguaio de trinta e poucos anos na época, arrecadou cerca de U$ 500 milhões de dólares para a decolagem da sua Starmedia. Uma empresa surgida, segundo ele próprio, de uma visão que teve no topo de uma montanha do Nepal: a de um “vale sem fronteiras de comunicação entre os povos da América Latina.”
Além da visagem poética, os investidores foram movidos por faturar um mercado de 25 milhões de consumidores. E também por um outro detalhe que dá bem a idéia do surto irracional coletivo que todos estavam envolvidos.
Dois meses antes do lançamento da Starmedia na bolsa, Espuelas empastelou os vagões e estações do metrô de Nova York com out-doors coloridos: “Starmedia, a sua comunidade na Internet” . Com um reforço especial nas linhas que levam os rapazes para trabalhar em Wall Street, centro financeiro da cidade.
Depois que a montanha de dinheiro virou pó, muitos deles confessaram envergonhados que foram indiretamente influenciados por aquele brutal esforço de mídia subterrânea.
Ao contrário de Espuelas, Jeff Bezos é um cara que acredita na