Bola e circo
A Copa do Mundo de Futebol de 2014 se aproxima e o cidadão brasileiro se depara com uma importante questão: será viável e positivo para o país sediar um evento de tamanho porte? Se a situação que ocorreu com o Pan-Americano sediado por nós se repetir, a tendência será de mais um investimento público mal aproveitado.
Organizar o maior evento esportivo do mundo pode gerar empregos diretos e indiretos, fomentar o turismo no país e exaltar o empoeirado espírito nacionalista do povo. O custo disso, porém, é alto - as cifras que os gastos exigirão estão estimadas em torno de 20 bilhões de reais, se não houver superfaturamento. Nesse contexto de orçamentos astronômicos, questões de ordem social, como o precário sistema de saúde e a alta criminalidade podem não receber a devida atenção.
Todavia, pode-se argumentar que as obras advindas desses investimentos viabilizarão uma qualidade de vida maior à população, que passará a usufruir de melhores espaços urbanos. Esse seria um argumento de força, não fosse um mau exemplo recente, quando o país foi sede dos jogos Pan-Americanos. Recorrentes foram as denúncias de abandono dos complexos esportivos e dos espaços relativos aos jogos após o término do evento. Essa falta de manutenção antecipa o que pode vir a acontecer com a infraestrutura da Copa.
Sendo assim, não é difícil constatarmos, mesmo nos dias de hoje, uma política próxima à prática de tempos romanos, denominada "Panis et circensis" (Pão e Circo). É fundamental que o cidadão não esqueça dos problemas sociais e políticos que existem no país e tenha a ciência de que os aspectos negativos desse evento podem se sobrepor às vantagens se não houver uma constante fiscalização por parte da população que viabilize a permanência da qualidade dessas obras, fazendo jus ao elevado capital movimentado.