Bob wolfenson
Uma irmã, três filhas e oito cunhadas. Sem falar em Mariza, companheira há 30 anos. Talvez esse currículo bastasse para que nos interessássemos por ele, para que pelo menos tentássemos entender como o cara sobrevive solitariamente sendo circundado por esse coletivo feminino em doses diárias.
Mas não foi só a mistura a essa população feminina que nos levou até ele...
13.09.2010 | Texto: Milly Lacombe
“Bob é um dos maiores fotógrafos do país, profissional reconhecido internacionalmente e retratista de talento raro. Além disso, sabe como poucos perceber, desvendar e traduzir em imagens o corpo de uma mulher; seus nus para a Playboy estão entre os mais belos, sofisticados e comentados (Maitê Proença, Alessandra Negrini, Vera Fischer, Sonia Braga, Fernanda Young, Cleo Pires...).
Quase tudo isso eu sabia a respeito dele quando o encontrei na porta de sua casa me esperando para um papo numa sexta-feira gelada e ensolarada. O que não sabia era que Bob tem essa capacidade virginiana de ser um homem social e que passaria as horas seguintes ao meu lado como se me conhecesse há anos.
É comum que o entrevistado, quando aceita receber em sua casa, leve o repórter a um corner e de lá não saia até que a entrevista termine. Fica assim estabelecida a fronteira. Bob andou comigo pela casa inteira, me mostrou o jardim, a horta, as palmeiras (“vamos logo ver o jardim porque a luz natural já acabar”), o quarto das meninas, o quarto dele e da figurinista Mariza, com quem mora há 30 anos, a cozinha onde a Fran preparava os cafezinhos que me eram servidos.
Nesse cenário, revelou zero encucação para se expor, falou sobre a infância muito comunista e pouco judaica, sobre a morte precoce do pai, sobre como demorou para entender a profissão, sobre as mulheres da sua vida, sobre a necessidade de ser livre, sobre a pseudorrivalidade com J. R. Duran e sobre seus famosos nus.
Saí de lá com a certeza de que minha sexta-feira tinha sido agradabilíssima, mas sem