Bob Flanagan e o Corpo Masoquista proposto por Deleuze e Guattari em Mil Platôs

2296 palavras 10 páginas
Bob Flanagan e o Corpo Masoquista proposto por Deleuze e Guattari em Mil Platôs

“When performance artists made their bodies and lives the primary medium and means of visual expression, they irrepressibly brought into visual discourse the truth, and pain of the actual lived circumstances of everyday life.”
Kristine Stiles RESUMO

Este artigo se propõe a analisar o trabalho performático do artista estadunidense Bob Flanagan, utilizando como referência fundamental o conceito de Corpo Masoquista, tal como fora proposto por Gilles Deleuze e Félix Guattari no livro “Mil Platôs – Capitalismo e Esquizofrenia”.

1.INTRODUÇÃO

“Será tão triste e perigoso não mais suportar os olhos para ver, os pulmões para respirar, a boca para engolir, a língua para falar, o cérebro para pensar, o ânus e a laringe, a cabeça e as pernas?”
Deleuze e Guattari (2004: 11)

Deleuze e Guattari publicaram em 1980, na França, “Mille plateaux”1 em cujas linhas seus autores se manifestam, entre outras coisas, contrários à conduta psicanalítica. Tal menção faz-se necessária quando se pretende acercar do conceito de corpo masoquista por eles proposto, já que, do ponto de vista psicanalítico, o masoquismo se inscreve como manifestação da falta. No lugar da anamnese, que resgata as intensidades do passado, lançando os corpos em tempos já vividos, Gilles Deleuze e Félix Guattari propõem a experimentação e o risco do tempo presente; acreditam que um “desfazimento” do corpo da psicanálise é necessário na busca deste corpo que eles nomearam de Corpo sem Órgãos (CsO).

O Corpo sem Órgãos pode ser compreendido em cinco categorias, sendo o Corpo Masoquista uma delas; apenas as nomearei para então me ater mais demoradamente naquela que compõe o objeto de estudo desse artigo. O Corpo Hipocondríaco é o corpo cujos órgãos estão destruídos; o Corpo Paranóico é influenciado e restaurado por energias exteriores; o Corpo

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