Boa noite, boa sorte
Por Victor Vicente
O pós segunda guerra mundial não foi um período tão tranquilo para o povo americano. Com a aplicação do Plano Marshall e as duas potências mundiais dividindo a Alemanha ao meio, teve início o embate ideológico mais importante da modernidade. Na Guerra Fria, o que imperou durante longos anos foi o clima de instabilidade política externa e interna que tomou conta de diversos países, incluindo os Estados Unidos, como podemos ver no filme “Boa Noite e Boa Sorte”, dirigido, produzido e estrelado por George Clooney.
No fim da década de 40 e meados da década de 50, os Estados Unidos viveram um período de forte repressão política chamado macartismo, onde o desrespeito aos direitos civis se tornou a principal arma do senador Joseph McCarthy para lutar contra a ameaça comunista, que pairava sobre a cabeça da política norte-americana.
O filme retrata a luta do jornalista Edward Murrow, da rede de televisão CBS, contra as atrocidades éticas cometidas por McCarthy em nome da proteção da integridade do sistema político e econômico do Estado americano. Murrow, interpretado por David Strathaim, é até hoje considerado como o principal opositor do senador. Foram suas denúncias que levaram McCarthy a sofrer uma moção pública e acabar perdendo prestígio dentro do Senado.
Para efeito de imersão do espectador e ambientação da época, Clooney e o diretor de fotografia, Robert Elswit, optaram por filmar em preto e branco, revelando um interesse autêntico pelo lado artístico da obra, já que tal estética não tem tanto apelo com o grande público. Ainda, por optar pela filmagem em preto e branco, puderam utilizar filmagens reais dos discursos de Joseph McCarthy, o que concedeu ao longa muito mais autenticidade.
Aliás, é provável que a estética tenha importância e significado ainda maiores no que diz respeito ao que é proposto durante o longa. Ao homenagear a estética Noir, com o alto contraste, as luzes e