Blockbuster x netflix
Dominar o setor de videolocação costumava ser uma tarefa relativamente simples para a Blockbuster Inc. Quando ela entrou em cena, em 1985, o setor era formado basicamente por empresas familiares independentes que alcançavam no máximo duas cidadezinhas, ou alguns quarteirões em uma cidade grande. Em seus primeiros 20 anos de atuação, a gigantesca locadora abriu 9.100 lojas em 25 países, con-quistando uma participação de mercado desfrutada por ape-nas poucas empresas em outros setores.
Cada uma das videolocadoras da rede recebia um sof-tware customizado, projetado para simplificar as transações de aluguei e venda. Por meio de um leitor óptico de código de barras, um sistema automatizado de ponto-de-venda lia os dados de cada item vendido ou alugado e do cartão de identificação de cada cliente. Esses dados eram transmitidos para a central computacional corporativa e, lá, utilizados pela administração para monitorar as vendas e analisar padrões demográficos e de aluguei e venda em cada loja, possibili-tando assim decisões de marketing mais acertadas.
O sucesso inicial da Blockbuster fundamentou-se no alu-guei de fitas de vídeo. A transição das fitas VHS para os DVDs não foi muito difícil. Tradicionalmente, o preço bruto que os estúdios de cinema cobravam pelas fitas de vídeo disponí-veis para aluguei ficava entre 80 e 90 dólares. Muitas vezes, esses preços impediam os clientes de comprar filmes, dire-cionando-os assim às videolocadoras. Os DVDs, porém, eram muito mais baratos de produzir, com um preço bruto em torno de 20 dólares. A queda no preço motivou muito mais clientes a comprar suas próprias cópias de filme, em vez de alugá-Ias por alguns dias. Em 2004, segundo diferentes estimativas, o mercado de videolocação norte-americano movimentava algo entre aproximadamente 7 bilhões e 9 bilhões de dólares por ano, com a Blockbuster abocanhando uma fatia de 40 por cento. As vendas de filme, porém, haviam