BLOCH
O texto começa por oferecer resistência à idéia de que a história é uma ciência do passado, pois mesmo que tal abordagem tivesse sido adotada pelos historiadores originários, parece-lhe absurda a formação de uma ciência sobre fatos que apenas tenham em comum a característica de terem acontecido em épocas contemporâneas.
Utilizando um exemplo, o autor explica quais seriam os atributos de um objeto da ciência da história. Narra a história da cidade de Bruges, cujo crescimento às proximidades do golfo Zwin acabou por causar o assoreamento deste último. A interação humana com a natureza, isto é, o contato da população da cidade de Bruges com o solo e as águas do Zwin, que acabou por ocasionar a sua tomada pelas areias, é apontada como um fato eminentemente histórico.
Desse modo, com o surgimento do fator humano na equação que tentava explicar a razão do assoreamento, uma ciência pede o auxílio da história para a resolução do problema. “O objeto da história é, por natureza, o homem. (...) Já o bom historiador se parece com o ogro da lenda. Onde fareja carne humana, sabe que ali está a sua caça”. O homem é o primeiro elemento do objeto da História.
Quanto à expressão “ciência da história”, o autor evoca a discussão sobre a classificação da história como ciência ou arte. Atentando para a diferença entre o humano e o estritamente natural, conclui por entender diferentes os métodos da matemática, física etc. e da história. “Os fatos humanos são, por essência, fenômenos muito delicados, entre os quais muitos escapam à medida matemática”. Ainda sobre esse aspecto, termina por comparar as diferenças entre os estudos do mundo físico e do espírito humano com, respectivamente, as tarefas do fresador e do luthier – o primeiro trabalha com precisão numérica; o segundo, pela sensibilidade, pelo empirismo. É requisito ao trabalho do historiador o “tato das palavras”.
O tempo histórico
Em seguida, o texto prossegue a examinar o segundo elemento do objeto