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RESUMO
Esta pesquisa tem como ponto de partida experiências compartilhadas com portadores de diabetes mellitus. A fenomenologia existencial de Martin Heidegger possibilitou a apreensão dos momentos vividos por esses seres. Entrevistou-se, em seus domicílios, oito pessoas que residem em Bandeirantes, cidade situada no norte do Paraná, e que tiveram alguma complicação podológica decorrente da doença, no período de fevereiro a agosto de 2007. O estudo teve como objetivo compreender suas vivências ao experienciarem uma complicação podológica em seu existir-no-mundo. Para desvelar a linguagem dos sujeitos, empregou-se a seguinte questão norteadora: Como é, para você, viver com uma complicação podológica desenvolvida por consequência do seu diabetes mellitus? Da linguagem dos sujeitos emergiu o tema: O ser-aí e o cuidado inautêntico. Os resultados obtidos revelam a importância de oferecer um cuidado holístico ao Ser que vivencia esta facticidade, pois muitas vezes a subjetividade do cuidado fica absorvida pela massificação das regras e normas institucionais.
Descritores: Diabetes mellitus tipo 2. Pé diabético. Cuidados de enfermagem. Acontecimentos que mudam a vida.
INTRODUÇÃO
O meu interesse em estudar o cotidiano de pacientes que vivenciam complicações podológicas decorrentes do diabetes mellitus, também denominadas de pé diabético, emergiu de encontros que eu tinha com eles desde a graduação em enfermagem, quando eu realizava os atendimentos para cadastrá-los no Plano de Reorganização à Atenção Básica à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus (HIPERDIA)(1). Neste contexto, apercebi-me de que o doente com diabetes mellitus muitas vezes enfrenta a doença mascarando seus sentimentos e suas vontades. Ainda sob a influência de uma formação que abordava pacientes diabéticos em sua dimensão técnico-biológica, com ênfase na dicotomia sujeito-objeto, minha concepção de