bioética
A Bioética, seu desenvolvimento e importância para as
Ciências da Vida e da Saúde*
Bioethics, her development and importance for the Sciences of Life and Health
Fermin Roland Schramm
*Apresentado no I Encontro de Ética em Pesquisa em Seres Humanos: Avanços e Desafios Bioéticos. INCA/HCI, Auditório
Moacyr Santos Silva, Praça Cruz Vermelha 23, Centro - RJ, 27 de setembro de 2002.
PhD, Pesquisador Associado ENSP-FIOCRUZ e Consultor de Bioética do INCA. Presidente da Sociedade de Bioética do
Estado do Rio de Janeiro.
Recebido em novembro de 2002.
INTRODUÇÃO
Pode-se dizer, sem exageros, que a bioética, amplamente entendida, foi, e continua sendo, a área mais dinâmica e produtiva das éticas aplicadas, como bem mostram o site do Kennedy Institute of Ethics da
Georgetown University e seus links.1
Tal desenvolvimento constitui ao mesmo tempo uma vantagem e uma desvantagem.
Com efeito, em aproximadamente três décadas de pesquisa e atuações práticas, a bioética produziu, mundo afora, uma grande quantidade de especialistas, graduados e pósgraduados; consultores e membros de conselhos e comitês; resoluções e leis, tanto nacionais como internacionais; artigos, livros, revistas, enciclopédias e sites; conferências e comunicações em congressos, simpósios e jornadas. Isso constitui certamente um aspecto positivo, pois é indicio de que a bioética responde a uma necessidade social de dar sentido moral à multiplicidade das práticas humanas, sem o qual tais práticas parecem destinadas à confusão da anomia.
Mas, o próprio desenvolvimento rápido e intenso da bioética fez com que, hoje, nenhum bioeticista honesto possa afirmar conhecer, em detalhes, todo o campo de sua especialidade. Esta condição de relativa ignorância pode ser interpretada como fonte de frustração perante a multiplicidade irredutível dos dialetos e idioletos bioéticos,2 sintetizada pelo mito das Torres de Babel, que,
segundo a interpretação dada por