BIOÉTICA DOS CONFLITOS DE INTERESSES NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA
Após a Segunda Guerra Mundial, a indústria farmacêutica consolidou-se como importante e lucrativa atividade econômica. Considerando que os prescritores são médicos, a indústria farmaceutica se vale de pesada campanha propagandística e do oferecimento de vantagens, desde os primórdios da formação médica.
Publicações recentes têm evidenciado o conflito de interesses e os possíveis efeitos adversos da crescente e freqüente ligação dos pesquisadores, universidades e serviços de saúde com a indústria farmacêutica. Na pesquisa clínica, esses efeitos incluem desde vieses no estudo até danos aos sujeitos. O conflito de interesses acontece quando os interesses secundários dominam e influenciam indevidamente, distorcendo ou corrompendo o julgamento médico em relação ao bem do paciente, à integridade da pesquisa e à boa educação dos futuros profissionais, que são interesses primários em virtude das obrigações profissionais. A gravidade do conflito de interesses depende de quanto o julgamento médico é, ou parece ser, influenciado pelos interesses secundários e da gravidade do dano ou erro decorrente. Como lidar com o conflito de interesses é questão controversa. Entretanto, o manejo transparente dessas situações é reconhecido como essencial. A pesquisa clínica constitui um dos nós críticos da relação entre a indústria farmacêutica e a comunidade médica. A dinâmica dessa relação é permeada por interesses válidos e interações que, usualmente, resultam em benefícios mútuos.Entretanto, os conflitos de interesse são inevitáveis. As indústrias de insumos e equipamentos, como qualquer atividade empresarial mercantilista, movem-se pela busca do lucro. Seu compromisso e responsabilidade é para com os acionistas, que esperam bom retorno de seus investimentos. Por outro lado,o compromisso do médico com o altruísmo e a beneficência traz em si o engajamento para que o interesse dos pacientes seja considerado em