Bion, Bales, Freud e o Senhor das Moscas
Francis V. Matos e Ivani Leopoldo
novembro/2000
BALES, BION, FREUD E O SENHOR DAS MOSCAS
A PERSPECTIVA DE BION
Segundo Bion, a vida de um grupo, seja qual for, se realiza em dois planos: um manifesto, em relação direta com a realidade objetiva, consciente, de tarefa, chamado de grupo de tarefa, e outro, implícito, irracional, inconsciente e irrealista, dominado pelas fantasias, chamado de grupo de supostos básicos.
Existem três tipos de grupo de supostos básicos: dependência, luta/fuga e acasalamento ou pareamento.
Bion descreve estes esquemas em função da “capacidade de pensar” dos membros do grupo. Quando a existência de uma fantasia onipotente permite dissociar temporariamente partes indesejáveis da personalidade e projeta-las em um objeto externo, se produzem severas alterações da realidade objetiva, depositando-se assim, no mundo externo, objetos persecutórios, por identificação projetiva.
Bion assinala que a liderança do grupo de tarefa estaria exercida por aquele(s) capaz(es) de atingir os objetivos grupais através da cooperação de todos, enquanto a liderança do grupo de suposto básico estaria exercida por aquele(s) que lidera(m) a resistência, ou seja, satisfaz(em) a demanda inconsciente e elege(m) a aprendizagem mágica em lugar da aprendizagem pela experiência, o princípio de prazer em lugar do princípio de realidade, assim como privilegia(m) o ódio ao conhecimento e a todos aqueles (pessoas e/ou pensamentos) que permitam adquiri-lo.
Ralph, Piggy e Simon, aparecem como representantes do grupo de tarefa, expressando as partes racionais do grupo. Podem raciocinar e elaborar, e portanto discriminar entre os elementos internos(si mesmos) e a realidade externa. Assim, assumem a responsabilidade pelas necessidades concretas do grupo: construção de refúgios, estabelecimento de normas, de hierarquização, de sistemas de organização, etc.
Além disso, estabelecem vínculos com os outros