Biologia
Alfredo Veiga-Neto alfredoveiganeto@uol.com.br (2004) – Nietzsche e Wittgenstein: alavancas para pensar a diferença e a pedagogia - em Gallo, Silvio e Souza, Maria Regina (orgs.) – Educação do Preconceito: ensaios sobre poder e resistência – Campinas SP – Editora Alínea.
(reprodução com autorização do Autor)
... pois não há em si nada igual... (Nietzsche. A gaia ciência, § 111). A representação panorâmica permite a compreensão, que consiste justamente em ver as conexões. Daí a importância de encontrar e inventar articulações intermediárias. (Wittgenstein. Investigações Filosóficas, § 122).
Diferença e Nietzsche
Pensar a diferença tornou-se hoje um imperativo incontornável. Como em nenhum outro momento da História, cada vez nos defrontamos mais e mais com a anisotropia do mundo. A questão não se resume em saber se e como o mundo está se tornando mais heterogêneo, se as diferenças estão mesmo se tornando mais comuns. O que —também e talvez mais— importa é que o mundo se nos afigura como cada vez mais heterogêneo, do que resulta que agimos e nos movimentamos nele em função dessa representação que fazemos dele. Sentimo-nos ora perturbados com tanta diferença, ora indignados por ver a diferença transformar-se em tanta desigualdade, ora estupefatos pela nossa dificuldade em lidarmos com tudo isso, ora desalentados pela nossa impotência em mudar tal estado de coisas. Mesmo que tenhamos deixado para trás o surrado sonho moderno de construir um mundo isotrópico —e, ao contrário, até mesmo louvemos a crescente e notável visibilidade e importância que os diferentes assumem—, não há como abdicar da vontade de viver num mundo em que tais diferenças não se transmutem em cruéis desigualdades. Muitas têm sido as teorias e perspectivas filosóficas, sociológicas e psicológicas invocadas para compreender a diferença e para fazer frente a essa estranha sensação de crescente diferencialismo, num