D. João IV quadro no Palácio de Vila Viçosa Desde a incorporação de Portugal e dos seus domínios nos Estados de Filipe II, tinha-se instalado o poder marítimo de Espanha no século XVI. Conforme se dizia: “o mar era uma esmeralda na sandália do rei de Espanha, o sol um topázio na sua coroa”. Em Abril de 1581 Filipe II é jurado e aclamado rei nas cortes de Tomar. A realeza em Portugal passou a ter de obedecer a um novo estatuto político. O novo estatuto político do país tinha duas preocupações fulcrais: “satisfazer as classes superiores e protegê-las contra a crise que atravessavam e garantir a autonomia administrativa portuguesa: a unidade de soberania não colidia com a separação da administração”. Durante o reinado de Filipe II: “nobres. Clérigos, armadores e burgueses não tiveram razões para se arrepender do apoio prestado à causa estrangeira”. “O sentimento antiespanhol foi pouco mais que uma atitude literária de alguns homens das camadas intelectuais”. Em 1589, o prior do Crato regressou a Lisboa, “apoiado em importantes forças inglesas e a sua presença não despertou o melhor apoio popular”. Desde do início do domínio Filipino é possível destrinçar dois períodos-chave: entre 1580 e 1620, vive-se uma certa paz e acalmia politica tendo sido a administração reorganizada e a situação económica melhorada. A nível social, quem realmente beneficiou desta situação era sobretudo a nobreza e os comerciantes. A ajuda económica que Madrid fornecia para as despesas militares permitiram a “cobertura naval” do comércio do Oriente. Quer os nobres, quer os comerciantes e até a própria Igreja, foram beneficiados neste período mais estável e próspero. Construíram-se ou reconstruíram-se bastantes edifícios religiosos como é o caso de: S. Roque, S. Vicente, a Sé Nova, o palácio dos Bispos (Lisboa) e as Igrejas de S. Bento e S. Francisco em Coimbra e a Igreja do convento da serra do Pilar. As classes populares continuaram numa situação semelhante à anterior,