Biografia de cecília de meireles
Benira Maia
Do JC OnLine
Com os pés fincados sobre uma montanha de milhares de toneladas de lixo, mais de mil pessoas vivem, no Lixão da Muribeca, uma subumana realidade de sujeira, fedentina e pobreza. Nesta montanha que infla diariamente com caminhões trazendo do Recife e Jaboatão dos Guararapes o equivalente ao peso de mais de duas imagens do Cristo Redentor em lixo, miseráveis parecem selar a realidade de que, pés postos ali, fica difícil encontrar a saída para um outro trabalho que não o de andar, manusear e catar os detritos, pisando, sentando, comendo e sobrevivendo junto a urubus, moscas e garças. Mesmo afastado do Centro da capital pernambucana e localizado na periferia da vizinha Jaboatão, o lixão é, para eles, o caminho contra o desemprego.
"Estou aqui há 21 anos anos", conta Amaro Epifânio da Silva, um ex-cortador de cana que veio de Sirinhaém, a 56 km dali, em busca de melhor sorte que na agricultura. Aos 55 anos, ele diz haver criado os 22 filhos à custa do dinheiro arrecadado no lixão. O trabalho? catando dejetos que possam ser vendidos para posterior reaproveitamento. Com tanto tempo no local, ele não se encabula de dizer que, às vezes, come "pão seco" encontrado lá. Também não se aperreia se tem que lutar com urubu por comida ou se a ave defecar sobre ele. Semanalmente, costuma apurar em média R$ 80.
Seu Amaro é um dos quase 1.500 catadores que trabalham no Lixão da Muribeca depois que ficou sem emprego. Uma realidade que condiz com o desemprego que atinge 329 mil pessoas na Região Metropolitana - dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese). Dia e noite, eles se revezam no trabalho de descobrir objetos que possam ser aproveitados das 2.600 toneladas despejadas diariamente por 600 caminhões - o lixão acolhe todo o lixo domiciliar das cidades de Recife e Jaboatão. Colocam em grande sacos o material que conseguiram pegar e pesam nas balanças dos chamados "deposeiros" -