Bilinguismo
Michel Paradis
Introdução
Henry Hécaen, um dos fundadores do Simpósio Internacional de Neuropsicologia e co-fundador da Neuropsychologia, que juntos estabeleceram a neuropsicologia como uma disciplina independente, foi o primeiro investigador a usar o termo neurolinguística numa publicação (Hécaen, 1968). Ele defini-a como uma subdisciplina da neuropsicologia preocupada com o estudo dos défices verbais resultados de lesões cerebrais (do córtex). De acordo com o autor, esta serve como ponte entre as neurociências (neurologia, neuroanatomia, neuropsicologia e neuroquímica) e a comunicação humana (psicologia experimental, psicolinguística e linguística). Os neurolinguistas integram os modelos, métodos e tecnicas dos linguistas e dos psicolinguistas e adaptam-nos às suas próprias necessidades (Hécaen, 1972). Hécaen descreveu a empresa (enterprise) de neurolinguística como um programa de quatro passos: 1) descrição e classificação dos défices com base em hipóteses sobre as causas subjacentes; 2) identificação das correlações entre tais tipos de défices e os locais das lesões; 3) interpretação do papel dos mecanismos cerebrais no processamento da linguagem, com base no dito acima; 4) e verificação dessas hipóteses.
Hécaen definiu afasia (afasia é um comprometimento da capacidade da linguagem que ocorre quando alguém sofre lesões nas áreas de linguagem do cérebro.) como um défice no uso de regras específicas em qualquer dos vários níveis de estrutura linguística. No entanto, ele foi rápido a apontar que essas regras eram determinadas pelo modelo linguístico seleccionado. A descrição gramatical de um tipo de Afasia é inerentemente limitada pela capacidade da própria teoria linguística. Ainda assim, os problemas fundamentais da linguagem de patologia, ou seja, a classificação e a explicação dos défices da linguagem, dependem crucialmente da teoria da linguagem que, em última análise, está na base de qualquer estudo