Betty edwards
VIDA: João Cabral de Melo Neto nasceu em Recife. Seus pais descendiam de duas tradicionais famílias pernambucanas e por isso o futuro poeta passou a infância no mundo dos engenhos. Adolescente, estudou com os maristas. Seus primeiros interesses literários, ainda em Recife, foram no campo da crítica, mas em seguida direcionou-se para a criação lírica e aos vinte e dois anos de idade lançou a primeira obra poética, Pedra do sono. Em seguida mudou-se para o Rio de Janeiro e, em 1945, ingressou na carreira diplomática, tendo servido numa série de cidades europeias. Em 1966, seu poema Morte e vida Severina teve uma montagem teatral de grande sucesso e transformou-se em um dos textos mais lidos da poesia brasileira em todos os tempos. João Cabral de Melo Neto faleceu no Rio de Janeiro em 1999.
OBRAS PRINCIPAIS: Pedra do sono (1942); O engenheiro (1945); Psicologia da composição (1947); O cão sem plumas (1950); Morte e vida severina (1956); A educação pela pedra (1966); Museu de tudo (1975).
Como nenhum outro autor de sua época, João Cabral de Melo Neto vê a lírica como a elaboração de um artefato de linguagem. Para ele, a criação poética, longe de ser o resultado da inspiração ou do transe (a exemplo do que românticos simbolistas e surrealistas pensavam), é entendida como uma lenta e sofrida pesquisa de expressão. Por isso, ele despreza a intuição, o mistério e as revelações inconscientes como móveis do fazer literário, oferecendo em troca uma poética em que tudo é medido, calculado, trabalhado, em um meticuloso processo de construção. O poeta busca a palavra objetiva, a palavra exata, como quem procurasse uma fórmula matemática para representar o mundo. O resultado de seu esforço é uma lírica cerebral que rompe com a poesia feita nos idos de 1940, excessivamente palavrosa, prisioneira da musicalidade fácil e do exagero