Besouro
O filme é bom por diversos aspectos, poderia ser melhor ainda (é claro), se tivesse um final mais subjetivo.
A fotografia e a direção de arte do filme são muito boas, elas ajudam a situar o espectador no ambiente do filme com sensações visuais muito apuradas, mostrando a pobreza do negro, mostrando a sua sensualidade sem ser vulgar, a sujeira, a limpeza e as suas tradições.
O filme fala sobre um famoso capoeirista, muito cantado nas rodas em todo o mundo, chamado Besouro, nas cantigas, sempre é dito que ele tinha o corpo fechado, e que nada poderia matá-lo a não ser…. Indepentente desse enredo, creio que o filme engloba aspectos culturais muito interessantes e que para nós os brasileiros andam esquecidos ou marginalizados.
O Candomblé, na sua excessência, não isso que vemos hoje como “macumba”, mas a cultura dos negros em que cada elemento da natureza é uma entidade importante, um orixá que cuida e apóia seus filhos e que os venera, sem distinção do que é o mal e o bem, já que ambos andam juntos e não existem se outro não existir.
A abolição da escravidão, e como os negros ainda continuaram sendo marginalizados, tratados como animais, motivos de piada, como somente poderia ser trabalho braçal e pesado, onde os lucros e a continuidade do processo de opressão se mantém. O próprio negro como ser humano, como povo alegre, que se diverte, é inteligente e se torna marginal pela consequência do que o mundo lhe oferece, muitas vezes sem alternativas e muitas vezes com outros caminhos muito interessantes.
Não se pode esquecer do capoeirista em si, essa arte tão bonita que anda muito abandonada, onde a malandragem do jogo é confundida com a malandragem da vida, nesse filme ela é tratada como merece,