BERTOLO G
CAIÇARAS (CANANÉIA-SP)
Gabriel Bertolo1
Resumo: Através de discussões aventadas pelos fandangueiros caiçaras de Cananéia-SP com o que chamamos de “agentes externos” propomos neste artigo que as diversas definições de “cultura” em jogo nas políticas públicas – tanto as nativas, quanto as exteriores sendo examinadas a partir de uma perspectiva etnográfica – são pontuadas por algo que chamamos de “pessimismo estrutural”; este seria o cerne, a tonalidade que os discursos políticos emergentes se manifestam, sempre de maneira distinta, mas ponto comum nas definições nativas de “cultura”.
Palavras-chave: Políticas Culturais; Fandango caiçara; Etnografia; Pessimismo estrutural; Este artigo tem como mote principal contribuir para uma discussão sobre a manifestação cultural denominada de fandango caiçara, através da etnografia realizada no município de Cananéia-SP (litoral sul paulista), junto aos fandangueiros e habitantes da Vila do Marujá, localizada na região sul do Parque
Estadual da Ilha do Cardoso (PEIC), bem como com os moradores e fandangueiros da própria cidade de Cananéia como um todo2. Vale dizer que, o que propomos aqui como uma discussão sobre o fandango caiçara como praticado nessa região, é antes uma discussão a partir de reflexões inferidas pela própria prática etnográfica e junto com nossos interlocutores. O que significa que as temáticas propostas por este trabalho, longe de serem as únicas, ou ainda as primordiais questões derivadas da paisagem etnográfica da região, encontram ressonância no discurso político, tanto no discurso nativo quanto no de agentes exteriores, com todas as nuances, dissonâncias e congruências que podem existir na relação entre esses grupos, bem como em suas relações internas.
O que vier a seguir3 poderá ser lido mais a título de reflexão e construção de um corpo de dados inferidos etnograficamente e posteriormente analisados à
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Mestrado Antropologia Social, PPGAS/UFSCar. E-mail.