belo monte
Denilton Carlos Gaio / Instituto de Física
O discurso oficial – de todos os oficiais do mundo – relata a necessidade de desenvolvimento econômico para fazer frente ao crescimento populacional e das necessidades humanas, em especial, nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. Assim, o mundo precisa crescer 5% ao ano… quiçá 10%. Geram-se profundas cavas na terra para se retirar os minérios usados na fabricação de fertilizantes, que irão inundar as plantações de grãos, onde antes eram florestas, afinal, somos sete bilhões. Movem-se montanhas de ferro para alimentar os altos-fornos da indústria do aço: são um bilhão de automóveis e muito carvão vegetal consumido. São necessárias centenas de milhões de novas casas. Justificam-se assim, as mudanças do curso de rios na constante busca de produzir mais energia para mover essa indústria.
Todavia, a produção de bens não visa satisfazer as necessidades humanas, como pode parecer em uma primeira leitura do discurso oficial. Produzem-se grãos e aço para exportação. Exporta-se para aumentar o superávit da balança comercial. O exportador quer uma grande safra (haja fertilizante e defensivo agrícola) e dólar alto para ganhar muito dinheiro. Deseja-se um super superávit para sobrar mais reservas para o pagamento da dívida. O capital financeiro especulativo torce por taxas de juros altas (muito altas) para aumentar seus lucros.
Até meados de 2007, o sistema econômico mundial parecia “bem”, movido por essa lógica de que quem quer dinheiro, produz; quem quer muito dinheiro, especula. Havia, no entanto, uma transferência da poupança mundial para os consumidores norte-americanos com a globalização. Os americanos produziram muito menos do que consumiram por décadas. O déficit em conta corrente americano atingiu 6,2% do PIB em 2006 (SOROS, 2008). A população mundial de famintos, contudo, ultrapassa um bilhão.
Em 15 de outubro, em Nova York, 74 pessoas foram presas