Bebidas e drogas
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Bebidas alcoólicas e outras drogas na época moderna.
Economia e embriaguez do século XVI ao XVIII1
Prof. Dr. Henrique S. Carneiro/USP
A história das bebidas alcoólicas e das drogas remete a um âmbito pouco conhecido da história das sociedades humanas: o da vida material, da cultura material, o que o homem come, bebe, veste, onde mora e, também, os remédios com que se cura e se consola. O grande historiador francês Fernand Braudel dizia, a propósito das drogas, serem alguns dos mais importantes produtos do “imenso reino do habitual, do rotineiro, ´o grande ausente da história´”: “não penso que se deva relegar para o campo do anedótico o aparecimento de tantos produtos alimentares, do açúcar, do café e do chá, até ao álcool, que constituem, cada um por si, intermináveis e importantes fluxos de história (...) são, com certeza, questões densas de consequências: a história das drogas antigas - o álcool, o tabaco, a forma fulgurante como o tabaco, em especial, conquistou o mundo, deu mesmo a volta ao mundo - não constituirá uma séria advertência em relação às drogas, muito mais perigosas, dos nossos dias?”(1989:19/20).
Quanto ao maior ou menor perigo, os dados oficiais da OMS demonstram que o maior dano à saúde pública mundial no século XX foi causado pelo tabaco, seguido do álcool. O tabaco sozinho seria o maior vilão da história da humanidade, tendo matado mais do que todas as guerras, numa cifra de cinco milhões de mortos por ano, totalizaria meio bilhão em todo o século! O estudo histórico das drogas, incluindo os álcoois, até duas décadas atrás poucas vezes fora realizado fora de abordagens excessivamente monográficas (histórias específicas do vinho, da cachaça, etc). O papel das drogas, no entanto, particularmente na história moderna, é de uma extrema importância econômica, política e cultural.
O conceito de droga é extremamente polissêmico. Seus significados abrangem tudo o que se ingere e que não constitui alimento,