barão de maua
Um sinal disso: ali, antes ainda da primeira imagem, estão escrupulosamente estampados os nomes de todos aqueles que investiram no filme.
Na verdade é uma praxe, desde que o Estado decidiu delegar à iniciativa privada (e não à sociedade, vale lembrar) a inteira responsabilidade sobre o que pode ou não ser filmado no Brasil.
Não é na apresentação, portanto, que "Mauá'' inova, mas na perfeita identidade entre forma e fundo: é possivelmente o primeiro filme patrocinado pelo empresariado que interessará estritamente ao empresariado.
Significaria isso uma conversão ao neoliberalismo de Sergio Rezende, que ainda na década de 90 foi biógrafo de Carlos Lamarca, o militar guerrilheiro, ou cantou o martírio de Canudos?
Certamente, não. Pelo menos o cinema praticado em "Mauá'' continua o mesmo. Imita servilmente a realidade, quando se trata do presente, e ilustra o passado à maneira daqueles desenhos de livros didáticos de história.
Aqui, trata-se de fazer a apologia do progresso industrial contra o atraso rural, do homem de iniciativa contra a abulia monárquica, do trabalho burguês contra a ociosidade aristocrática etc.
O homem-chave desse pensamento é o Barão de Mauá (Paulo Betti), exemplo de "self made man'' jogado no século 19 brasileiro, dono de empreendimentos tão variados quanto ferrovias, estaleiros ou bancos.
Em oposição a ele encontram-se d. Pedro 2º (Rodrigo Penna) e sua sombra, o Visconde de Feitosa (Othon Bastos), político conservador; o primeiro, encarnação do Estado ineficaz; o segundo, representante da idéia de "destino agrário'' do Brasil.
Passemos pela banalidade que consiste em separar o mundo em personagens "bons'' e "maus'', a pretexto de obter a empatia do público. A utilização da história constitui, no caso, não um modo de conhecer o presente e suas