BARBARA ESCROTA
Por muito tempo o mito da brasilidade entravou o reconhecimento amplo da existência de racismo entre nós: o mito da cordialidade e da mistura entre as raças sempre serviu para amenizar as considerações sobre o racismo brasileiro. A força política adquirida pelo tema da discriminação racial, proporcionada pelo aumento do número de negros integrados à sociedade de classes, ou seja, em condições de se organizarem politicamente, nos deu uma vitória sobre o mito da brasilidade. A ideologia da cordialidade nas relações raciais brasileiras foi superada no âmbito do debate político. Desfez-se a névoa que o mito mulato docemente eugenista de Gilberto Freyre lançava sobre esse traço perverso da nossa sociedade que é o racismo. Hoje é um tanto constrangedor dizer que “não há racismo no Brasil”.
Contudo, o