Banquinho da Praça

Banquinho da praça.
Tenho impressões estranhas sobre a minha vida. Passo por lugares que nunca fui antes, mas me lembro dele, como se estivesse voltando ali depois de um tempo. Passo por momentos que não me parecem estranhos, como se eu já tivesse vivido aquela mesma situação. Parece loucura falando assim, vão dizer que é “Déjà vu”, mas tem como sua vida inteira ser um Déjà vu? O engraçado é que, se minha vida realmente se repete sempre, por que eu nunca consigo mudar ela? Eu poderia ser outras pessoas, já que vai se repetir uma outra vez. Eu podia dizer coisas que não disse, podia fazer coisas que não faço. Podia evitar dores e fazer certo. E minhas novas atitudes terem novas consequências.
Eu podia subir no banquinho da praça e começar a chamar a atenção de todos, contar uma história. Ou até mesmo descer envergonhada após gritar. Mas que eu pelo menos tivesse a coragem de subir no banquinho da praça.
Eu podia ser o Michael Jackson ou camões.
Mas que pensamentos mais estúpidos. se minha vida inteira é um Déjà vu eu não posso mudar. ela tem que se repetir sempre do mesmo jeito. mas será que ela não se repeti pra que eu a mude? sera que ela não se repeti pra que em alguma dessas repetições eu não perceba e faça diferente? Não.
Não, a vida é uma só. Não posso mudar quem sou, e-pra-que-mudar? nunca vou poder ser alguém que já existiu ou existi. se minha vida se repeti, eu sempre serei eu na mesma vida. sempre serei eu nos mesmos erros, tendo as mesma desculpas esfarrapadas. derramando as mesma lágrimas, tendo as mesmas atitudes, as vezes certas, mas normalmente erradas.
Mas pensando bem eu não queria ser uma outra pessoa, só tava pensando em ter novas palavras e novos gestos, pensando que, talvez, algo pudesse ser melhor assim. só que eu poderia subir no banquinho da praça.